A noite invade o tempo de que perdi noção quando as lágrimas começaram a cair nessa face pálida e de olhos brilhantes que no espelho ganha a minha forma.
Abraçada pela dor, sofrimento e medo e abandonada pela esperança e felicidade que tu me trazias.
E a cada nota daquela melodia, a cada segundo em que não te oiço a chamar por mim nem te vejo à minha procura, eu me deixo abraçar por aqueles que a tua presença outrora afastava de mim.
Desfaleço a cada grito que dou e que tu não consegues ouvir, a cada toque que queria mas não posso dar.
Renasço a cada sorriso teu, a cada olhar…mas de pouco me vale, pois são meras ilusões. Tu já não estás por detrás daquela porta que se abre, apenas a tua memória, apenas a dor, o medo.
Deixas-te me…aqui, parada à frente do portão do cemitério onde jaz tudo o que me deixas-te, onde enterras-te o que sentias por mim. Tu partiste e eu fiquei aqui uma noite mais, a esvair-me em sangue que derramo por ti, pela mentira em que tu ainda estás ao meu lado.
Tua alma já não está em mim e a eternidade parece agora impossível de alcançar sem ti a meu lado.
Eras tu que a querias, que me fazias lutar por ela, na certeza de que estarias a meu lado. E foste tu que a levas-te, foste tu que decidis-te partir e deixar-me, és tu que já não queres passá-la comigo.
Eu fico aqui a guardar o jazigo onde está tudo o que vivemos, onde eu deixei a minha alma e onde mais tarde o meu corpo desfalecerá por completo também.
By: WLOD